“A banda Melvin Blast foi formada em Uberlândia, no ano de 2004, trazendo uma proposta sólida de fazer punk rock. Composta por fernando "edgard" (bateria), marcio (guitarra e vocal) e pedro "yama" (baixo), a banda começou fazendo cover de nomes já consagrados do punk rock mundial. Durante esses 4 anos, tocou em diversos colégios e faculdades da região, além de alguns festivais especializados, e sempre obteve ótimo retorno do público. A combinação das letras inquietas com um som energético e divertido vem atraindo novos seguidores a cada dia. O single, intitulado "uberlândia rock city", é um exemplo da crítica irônica feita pela banda, que não segue fórmulas e tem muito a dizer”.
(extraído: www.myspace.com/melvinblast)
Perguntas por Coletivo Uberlândia Hardcore – UdiHC.
Respostas por Banda Melvin Blast – MB.
1) Embora seja uma pergunta clichê – porém necessária para atender a nossa curiosidade -, como surgiu a banda e qual o significado do nome da mesma?
MB – Marcio
Eu costumo dizer que a banda surgiu anos antes de a gente começar a tocar. A vontade de montar uma banda de punk rock veio da época do colegial, mas não deu certo na época. Demoramos uns 3 anos pra por a idéia em prática. Começamos o Edgard e eu tocando cover das nossas bandas preferidas. O Pedro entrou pra completar nossa segunda formação. Começamos a compor e a banda foi seguindo esse caminho.
O nome não significa nada específico. Veio da música “Having a Blast” do Green Day. Acabou virando nome próprio (“Blast” é o sobrenome do personagem “Melvin”).
MB – Pedro
Eu sempre achei que era porque se você falasse Melvin Blast rápido, parecia com NOFX...
2) Quais são as influências gerais que refletem na confecção tanto das melodias quanto das letras?
MB – Marcio
A gente nunca impôs limites para as composições. Nossas influências musicais são bem diversificadas, mas baseadas no rock puro e simples, o que reflete bastante nas melodias.
A mesma coisa com as letras. Eu tenho uma tendência a escrever letras pessoais, já o Pedro tem um método mais racional de compor. As influências vêm de qualquer lugar. Das nossas experiências, da realidade, do absurdo, de tudo que está certo e errado com o mundo...
Cada um de nós tem seu modo de compor, sua linguagem e suas influências. Juntar isso tudo em uma banda só é o que faz ser tão interessante. Com certeza é uma das nossas características mais marcantes.
MB – Pedro
Eu particularmente componho da seguinte forma: penso num “tema” pra música em si, e faço a melodia em cima desse tema. Nesse processo, já vou pensando as partes aonde quero letras e etc... então só depois faço as letras. O que acaba influenciando pode ser tanta coisa... um dia vi um documentário sobre história do rock, e depois de ver sobre o Punk Rock, isso acabou me dando idéia de uma música bem “old school” e acabei compondo algo em cima disso... então, pode ser tanta coisa... um barulho de celular já me dá idéia de música.
3) Pelo que sabemos, a banda preza por “letras inquietas” e “críticas irônicas”. “Ao não seguir fórmulas” e “ter muito a dizer” vocês chegaram a um single, intitulado “Uberlândia Rock City”. Irônica e seriamente, o que é, afinal, a “Uberlândia Rock City”?
MB – Marcio
O nome “Uberlândia Rock City” é um trocadilho bem do canastrão com a música “Detroit Rock City” do KISS. A idéia era satirizar esse “monopólio” que existe da música sertaneja na cidade. Acabou indo além disso e virou uma brincadeira com toda a cena cultural de Uberlândia.
O objetivo nunca foi criticar música sertaneja, mas o exagero que rola aqui na região. Chega a ser engraçado o quão grande e exagerada essa cena é, e toma conta de tudo. Outros estilos musicais, principalmente o rock, sempre tiveram espaço limitado dentro da cidade porque falta incentivo. A letra fala como seria uma Uberlândia Rock City, sem todo esse monopólio. Hoje em dia tá bem melhor - mesmo com pouco incentivo, a cena cultural tem se desenvolvido bastante e esse evento é prova disso.
No final das contas, a Uberlândia Rock City ta aí pra quem quiser ver... é só procurar...
MB – Pedro
Eu já não sou tão “ético” quanto o Márcio, haha. Respeito o direito de cada um ouvir o que quiser, mas acho que estilos como sertanejo só reproduzem fórmulas e vendem idéias deprimentes do que viria ser amor e relacionamentos. São músicas fúteis para uma parcela da sociedade (infelizmente significativa) que engole coisas fúteis, e acreditam que aquilo é profundo e que define idéias do que viria a ser amor. Não deixa de ser triste ver como que tantas pessoas acatam idéias tão frágeis. Talvez isso possa soar como arrogância, mas eu não dou a mínima. Mas, algo tão lamentável assim só perdura por ter pessoas dispostas a “comprar” essas doses instantâneas de “amor”. Então, resolvemos brincar com essa idéia.
4) No release consta que a recepção do público em face da banda costuma ser positiva. Contem-nos um pouco sobre os festivais que vocês tocaram na cidade. O “público” geralmente consegue captar a inquietude e a ironia que permeiam as letras?
MB - Marcio
A gente sempre teve um retorno bom do público, independente de onde e com quem tocamos. Desde festas universitárias até festivais maiores, sempre tem aqueles que curtem o som e vem conversar, perguntando de onde nos somos, e onde que eles podem ouvir as músicas. Isso é bem legal, é um dos propósitos de se ter uma banda. O que mais impressiona é que a maioria das pessoas define nosso som como algo novo e diferente, desconhecendo completamente que existe uma cena viva e forte do nosso tipo de som dentro da cidade. Mas, de forma geral, nossas músicas sempre foram bem assimiladas pela galera.
MB – Pedro
Mas devo acrescentar que mesmo tendo uma boa recepção, as primeiras impressões sempre são de estranheza, e achamos isso engraçado. Acho que isso se deve mais ao fato que tocamos em locais bem inesperados... mas não deixa de ser divertido ver nitidamente, na cara de alguns membros da platéia, quase que escrito: “Quem são esses caras?”
5) “Teu nazismo voluntário é a perdição”, trecho extraído da letra “Meu Campo”. Sabemos que esta letra é, infelizmente, inspirada numa situação concreta, na qual uma madame uberlandense – benfeitora dos “miseráveis” – joga umas moedas no chão para que garotos de rua se digladiassem por elas. Neste caso, a arte tenta imitar a vida, para subvertê-la. Qual foi o processo de construção desta letra? Por que escrevê-la?
MB – Pedro
Bem, a idéia pra essa música surgiu de algo tão simplório... mas acabou se desenvolvendo pra algo muito maior. A minha idéia era fazer uma música bem simples, sobre um tema bem simples: um grito de “foda-se”. Mas acabei sendo muito influenciado por uma leitura que tinha feito no momento, um livro de um teórico da psicologia chamado Viktor Frankl. Ele desenvolveu toda sua teoria quando estava nos campos de concentração nazista...
Enfim, não cabe uma dissertação sobre tudo que ele criou, mas uma frase cunhada por ele, pra mim, foi muito marcante: “Tenho certeza que, dentro da alma de cada pessoa, existe um campo de concentração”, que seria basicamente um local aonde colocamos toda nossa tristeza, agonia, mágoa... e é uma condição essencial de nós, seres humanos “pular os muros deste campo de concentração”. Creio que, atingir esse momento, é o ápice da liberdade, seria a encorporação do que um “foda-se” representaria, mas em uma escala muito maior... pular nossos próprios muros.
Sobre a história, é algo que pretendemos fazer quando gravarmos a música com uma qualidade maior. Vamos colocar uma intro com este diálogo, que pra mim é uma pequena anedota de como nossa sociedade, basicamente, é um grande campo de concentração. Estamos cercados de muros chamados “convenções sociais”, e todos, sem exceção, seguimos muitos destes preceitos sem questionar sua função...
A mulher que joga moedas para os mendigos, o quão distante estamos dela? Simplesmente julga-la como ignorante é simplista demais... todos dançamos a dança do “ismo” regente, no caso o Capitalismo, apenas seguimos, cada um, passos diferentes... será que um “ismo” seria uma libertação, ou estaríamos apenas pintando os muros de cores diferentes? Podemos atribuir culpa a tantas entidades, mas, qual a nossa parte para que nosso mundo continue assim? Enfim... vivemos em conflito com nossos muros internos, e com os muros externos, e essa música tem como intenção basicamente falar sobre isso.
6) Algumas músicas gravadas vocês já têm – conforme ouvimos no myspace. Alguma pretensão de lançarem uma “demo”?
MB - Marcio
A demo está em andamento desde que começamos a compor. Cada música nova, a gente grava e planeja distribuir pra galera que curte nos shows. Planejamos também manter novidades no myspace pro pessoal baixar e assim vamos distribuindo nosso som. Lançar uma demo é uma pretensão, mas não agora.
7)De agora em diante, quais são as pretensões da banda?
MB – Marcio
Continuar compondo, gravando e, principalmente, tocando, já que essa é a razão disso tudo.
MB – Pedro
Creio que o que temos que fazer é continuar os passos que estamos tomando no momento. Só tenho que tomar cuidado pra não sobrecarregar o resto da banda, porque se depender de mim, eu faço uma música por dia, minha cabeça fica fervilhando com idéias o tempo todo, haha.
MB – Fernando
Realmente é continuar tocando cada vez mais. Se a banda fosse meu trabalho, seria também minha diversão! O problema é que nem sempre podemos contar só com a diversão para viver!
8) Atualmente, qual(is) cd(s), filme(s) e livro(s) que vocês admiram e que, de certa forma, influenciam a banda?
MB – Marcio
Não tenho tido muito contato com coisas novas. Eu ando por aí ouvindo velharias esses dias... punk rock clássico, principalmente Clash.
Tem um filme chamado “Bandwagon” que mostra umas verdades sobre a indústria musical. Acho que serve como lição de vida pra mim até hoje.
Livros... só de engenharia.
MB – Pedro
Ultimamente só ando tempo de ler livros da faculdade, haha. Mas com certeza vários deles me inspiram o tempo todo, como por exemplo na música Meu Campo, que já falei as influências.
Por enquanto, não me deixei influenciar por um filme para criar música. Não que eu não tenha visto filmes que tenham me influenciado, mas talvez ainda não tenha me “deixado levar” pela mensagem de algum filme para compor algo.
Sobre cds... já fiz tanta mistura de idéias, de várias bandas que ouvi, que nem saberia nomear haha. Acho que uma influência forte nas idéias que levo pra banda vem do Post-rock. Gosto do meio que eles criam músicas, usando muito de “crescendos”, de músicas que começam leves e culminam com uma explosão no final... poderia citar uma influência muito forte cds das bandas Godspeed you Black Emperor, Mono, Explosions in the Sky, enfim, toda essa leva de Post-rock.
MB – Fernando
Minha maior influência nos primeiros 2 anos como baterista foram bandas como blink-182, Face to Face, Green Day e Eve 6. Atualmente, tenho 4 anos de bateria e procuro ouvir vários estilos musicais de grandes bateristas. Nunca tive influências de nenhum filme nem livro.
9) Qual a avaliação de vocês quanto ao “1° Uberlândia Hardcore”?
MB – Marcio
Mérito total do coletivo. Correram atrás, fizeram tudo acontecer e tá ae. O “faça você mesmo” levado ao pé da letra, vivo e bom. Estamos animados pra participar do evento, que tem uma proposta excelente. Vai ser do caralho.
MB – Pedro
Acho a idéia fascinante, um evento criado e movido por pessoas que se mostram bem engajadas a criar “algo”. Acho que iniciativas simples, como a de pedir um alimento na entrada, para fins de doação, são bem mais construtivas do que várias idéias que permeiam o mundo da contra-cultura atual... acho que a solução é sempre criar, questionar, auxiliar, e não destruir.
10) Agora o espaço é de vocês. Falem o que quiserem!
MB – Marcio
Essa coisa é elétrica. Mas é preciso uma reação nuclear pra gerar 1.21 gigawatts de energia.
MB – Pedro
Acho que tenho muito pra dizer, mas prefiro colocar minhas idéias nas músicas. Não espero que compreendam tudo que criamos, mas que apenas ouçam, curtam e sintam.
PS: foda-se.
MB – Fernando
Não uso nome falso, e nem me chamo Edgard, meu nome é Fernando!
(extraído: www.myspace.com/melvinblast)
Perguntas por Coletivo Uberlândia Hardcore – UdiHC.
Respostas por Banda Melvin Blast – MB.
1) Embora seja uma pergunta clichê – porém necessária para atender a nossa curiosidade -, como surgiu a banda e qual o significado do nome da mesma?
MB – Marcio
Eu costumo dizer que a banda surgiu anos antes de a gente começar a tocar. A vontade de montar uma banda de punk rock veio da época do colegial, mas não deu certo na época. Demoramos uns 3 anos pra por a idéia em prática. Começamos o Edgard e eu tocando cover das nossas bandas preferidas. O Pedro entrou pra completar nossa segunda formação. Começamos a compor e a banda foi seguindo esse caminho.
O nome não significa nada específico. Veio da música “Having a Blast” do Green Day. Acabou virando nome próprio (“Blast” é o sobrenome do personagem “Melvin”).
MB – Pedro
Eu sempre achei que era porque se você falasse Melvin Blast rápido, parecia com NOFX...
2) Quais são as influências gerais que refletem na confecção tanto das melodias quanto das letras?
MB – Marcio
A gente nunca impôs limites para as composições. Nossas influências musicais são bem diversificadas, mas baseadas no rock puro e simples, o que reflete bastante nas melodias.
A mesma coisa com as letras. Eu tenho uma tendência a escrever letras pessoais, já o Pedro tem um método mais racional de compor. As influências vêm de qualquer lugar. Das nossas experiências, da realidade, do absurdo, de tudo que está certo e errado com o mundo...
Cada um de nós tem seu modo de compor, sua linguagem e suas influências. Juntar isso tudo em uma banda só é o que faz ser tão interessante. Com certeza é uma das nossas características mais marcantes.
MB – Pedro
Eu particularmente componho da seguinte forma: penso num “tema” pra música em si, e faço a melodia em cima desse tema. Nesse processo, já vou pensando as partes aonde quero letras e etc... então só depois faço as letras. O que acaba influenciando pode ser tanta coisa... um dia vi um documentário sobre história do rock, e depois de ver sobre o Punk Rock, isso acabou me dando idéia de uma música bem “old school” e acabei compondo algo em cima disso... então, pode ser tanta coisa... um barulho de celular já me dá idéia de música.
3) Pelo que sabemos, a banda preza por “letras inquietas” e “críticas irônicas”. “Ao não seguir fórmulas” e “ter muito a dizer” vocês chegaram a um single, intitulado “Uberlândia Rock City”. Irônica e seriamente, o que é, afinal, a “Uberlândia Rock City”?
MB – Marcio
O nome “Uberlândia Rock City” é um trocadilho bem do canastrão com a música “Detroit Rock City” do KISS. A idéia era satirizar esse “monopólio” que existe da música sertaneja na cidade. Acabou indo além disso e virou uma brincadeira com toda a cena cultural de Uberlândia.
O objetivo nunca foi criticar música sertaneja, mas o exagero que rola aqui na região. Chega a ser engraçado o quão grande e exagerada essa cena é, e toma conta de tudo. Outros estilos musicais, principalmente o rock, sempre tiveram espaço limitado dentro da cidade porque falta incentivo. A letra fala como seria uma Uberlândia Rock City, sem todo esse monopólio. Hoje em dia tá bem melhor - mesmo com pouco incentivo, a cena cultural tem se desenvolvido bastante e esse evento é prova disso.
No final das contas, a Uberlândia Rock City ta aí pra quem quiser ver... é só procurar...
MB – Pedro
Eu já não sou tão “ético” quanto o Márcio, haha. Respeito o direito de cada um ouvir o que quiser, mas acho que estilos como sertanejo só reproduzem fórmulas e vendem idéias deprimentes do que viria ser amor e relacionamentos. São músicas fúteis para uma parcela da sociedade (infelizmente significativa) que engole coisas fúteis, e acreditam que aquilo é profundo e que define idéias do que viria a ser amor. Não deixa de ser triste ver como que tantas pessoas acatam idéias tão frágeis. Talvez isso possa soar como arrogância, mas eu não dou a mínima. Mas, algo tão lamentável assim só perdura por ter pessoas dispostas a “comprar” essas doses instantâneas de “amor”. Então, resolvemos brincar com essa idéia.
4) No release consta que a recepção do público em face da banda costuma ser positiva. Contem-nos um pouco sobre os festivais que vocês tocaram na cidade. O “público” geralmente consegue captar a inquietude e a ironia que permeiam as letras?
MB - Marcio
A gente sempre teve um retorno bom do público, independente de onde e com quem tocamos. Desde festas universitárias até festivais maiores, sempre tem aqueles que curtem o som e vem conversar, perguntando de onde nos somos, e onde que eles podem ouvir as músicas. Isso é bem legal, é um dos propósitos de se ter uma banda. O que mais impressiona é que a maioria das pessoas define nosso som como algo novo e diferente, desconhecendo completamente que existe uma cena viva e forte do nosso tipo de som dentro da cidade. Mas, de forma geral, nossas músicas sempre foram bem assimiladas pela galera.
MB – Pedro
Mas devo acrescentar que mesmo tendo uma boa recepção, as primeiras impressões sempre são de estranheza, e achamos isso engraçado. Acho que isso se deve mais ao fato que tocamos em locais bem inesperados... mas não deixa de ser divertido ver nitidamente, na cara de alguns membros da platéia, quase que escrito: “Quem são esses caras?”
5) “Teu nazismo voluntário é a perdição”, trecho extraído da letra “Meu Campo”. Sabemos que esta letra é, infelizmente, inspirada numa situação concreta, na qual uma madame uberlandense – benfeitora dos “miseráveis” – joga umas moedas no chão para que garotos de rua se digladiassem por elas. Neste caso, a arte tenta imitar a vida, para subvertê-la. Qual foi o processo de construção desta letra? Por que escrevê-la?
MB – Pedro
Bem, a idéia pra essa música surgiu de algo tão simplório... mas acabou se desenvolvendo pra algo muito maior. A minha idéia era fazer uma música bem simples, sobre um tema bem simples: um grito de “foda-se”. Mas acabei sendo muito influenciado por uma leitura que tinha feito no momento, um livro de um teórico da psicologia chamado Viktor Frankl. Ele desenvolveu toda sua teoria quando estava nos campos de concentração nazista...
Enfim, não cabe uma dissertação sobre tudo que ele criou, mas uma frase cunhada por ele, pra mim, foi muito marcante: “Tenho certeza que, dentro da alma de cada pessoa, existe um campo de concentração”, que seria basicamente um local aonde colocamos toda nossa tristeza, agonia, mágoa... e é uma condição essencial de nós, seres humanos “pular os muros deste campo de concentração”. Creio que, atingir esse momento, é o ápice da liberdade, seria a encorporação do que um “foda-se” representaria, mas em uma escala muito maior... pular nossos próprios muros.
Sobre a história, é algo que pretendemos fazer quando gravarmos a música com uma qualidade maior. Vamos colocar uma intro com este diálogo, que pra mim é uma pequena anedota de como nossa sociedade, basicamente, é um grande campo de concentração. Estamos cercados de muros chamados “convenções sociais”, e todos, sem exceção, seguimos muitos destes preceitos sem questionar sua função...
A mulher que joga moedas para os mendigos, o quão distante estamos dela? Simplesmente julga-la como ignorante é simplista demais... todos dançamos a dança do “ismo” regente, no caso o Capitalismo, apenas seguimos, cada um, passos diferentes... será que um “ismo” seria uma libertação, ou estaríamos apenas pintando os muros de cores diferentes? Podemos atribuir culpa a tantas entidades, mas, qual a nossa parte para que nosso mundo continue assim? Enfim... vivemos em conflito com nossos muros internos, e com os muros externos, e essa música tem como intenção basicamente falar sobre isso.
6) Algumas músicas gravadas vocês já têm – conforme ouvimos no myspace. Alguma pretensão de lançarem uma “demo”?
MB - Marcio
A demo está em andamento desde que começamos a compor. Cada música nova, a gente grava e planeja distribuir pra galera que curte nos shows. Planejamos também manter novidades no myspace pro pessoal baixar e assim vamos distribuindo nosso som. Lançar uma demo é uma pretensão, mas não agora.
7)De agora em diante, quais são as pretensões da banda?
MB – Marcio
Continuar compondo, gravando e, principalmente, tocando, já que essa é a razão disso tudo.
MB – Pedro
Creio que o que temos que fazer é continuar os passos que estamos tomando no momento. Só tenho que tomar cuidado pra não sobrecarregar o resto da banda, porque se depender de mim, eu faço uma música por dia, minha cabeça fica fervilhando com idéias o tempo todo, haha.
MB – Fernando
Realmente é continuar tocando cada vez mais. Se a banda fosse meu trabalho, seria também minha diversão! O problema é que nem sempre podemos contar só com a diversão para viver!
8) Atualmente, qual(is) cd(s), filme(s) e livro(s) que vocês admiram e que, de certa forma, influenciam a banda?
MB – Marcio
Não tenho tido muito contato com coisas novas. Eu ando por aí ouvindo velharias esses dias... punk rock clássico, principalmente Clash.
Tem um filme chamado “Bandwagon” que mostra umas verdades sobre a indústria musical. Acho que serve como lição de vida pra mim até hoje.
Livros... só de engenharia.
MB – Pedro
Ultimamente só ando tempo de ler livros da faculdade, haha. Mas com certeza vários deles me inspiram o tempo todo, como por exemplo na música Meu Campo, que já falei as influências.
Por enquanto, não me deixei influenciar por um filme para criar música. Não que eu não tenha visto filmes que tenham me influenciado, mas talvez ainda não tenha me “deixado levar” pela mensagem de algum filme para compor algo.
Sobre cds... já fiz tanta mistura de idéias, de várias bandas que ouvi, que nem saberia nomear haha. Acho que uma influência forte nas idéias que levo pra banda vem do Post-rock. Gosto do meio que eles criam músicas, usando muito de “crescendos”, de músicas que começam leves e culminam com uma explosão no final... poderia citar uma influência muito forte cds das bandas Godspeed you Black Emperor, Mono, Explosions in the Sky, enfim, toda essa leva de Post-rock.
MB – Fernando
Minha maior influência nos primeiros 2 anos como baterista foram bandas como blink-182, Face to Face, Green Day e Eve 6. Atualmente, tenho 4 anos de bateria e procuro ouvir vários estilos musicais de grandes bateristas. Nunca tive influências de nenhum filme nem livro.
9) Qual a avaliação de vocês quanto ao “1° Uberlândia Hardcore”?
MB – Marcio
Mérito total do coletivo. Correram atrás, fizeram tudo acontecer e tá ae. O “faça você mesmo” levado ao pé da letra, vivo e bom. Estamos animados pra participar do evento, que tem uma proposta excelente. Vai ser do caralho.
MB – Pedro
Acho a idéia fascinante, um evento criado e movido por pessoas que se mostram bem engajadas a criar “algo”. Acho que iniciativas simples, como a de pedir um alimento na entrada, para fins de doação, são bem mais construtivas do que várias idéias que permeiam o mundo da contra-cultura atual... acho que a solução é sempre criar, questionar, auxiliar, e não destruir.
10) Agora o espaço é de vocês. Falem o que quiserem!
MB – Marcio
Essa coisa é elétrica. Mas é preciso uma reação nuclear pra gerar 1.21 gigawatts de energia.
MB – Pedro
Acho que tenho muito pra dizer, mas prefiro colocar minhas idéias nas músicas. Não espero que compreendam tudo que criamos, mas que apenas ouçam, curtam e sintam.
PS: foda-se.
MB – Fernando
Não uso nome falso, e nem me chamo Edgard, meu nome é Fernando!
Melvin Blast - Meu Campo
Não me venha com esse "ismo"
Seu desejo de poder
É impecável, inegável, controlável
Lá vem o teu sofismo
Você tenta me vencer
Mas não me calo, isso é belo, me rebelo
Não espero
Sou sincero
Acredite em mim
Me separo
Desamparo
Eu reparo
Que esse é o fim
Pulo os muros deste campo de concentração
Sem olhar pra trás
Teu nazismo voluntário é a perdição
Faz meu corpo perecer
Seus olhares de censura trazem a tona o pior de mim
Mas eu quero que você me ouça bem
"Foda-se"
Não me venha com esse "ismo"
Seu desejo de poder
É impecável, inegável, controlável
Lá vem o teu sofismo
Você tenta me vencer
Mas não me calo, isso é belo, me rebelo
Não espero
Sou sincero
Acredite em mim
Me separo
Desamparo
Eu reparo
Que esse é o fim
Pulo os muros deste campo de concentração
Sem olhar pra trás
Teu nazismo voluntário é a perdição
Faz meu corpo perecer
Seus olhares de censura trazem a tona o pior de mim
Mas eu quero que você me ouça bem
"Foda-se"
Na rua, a gente passa por muita coisa, sabe... mas pior que a dor da fome, é aquela dor de ser invisível... um dia, eu tava sentado aqui, e passou uma velha, aquelas bem ricas, e ficou tacando umas moedas no chão... daí os moleques, os moleques, eles não tem cabeça, eles só pensam com a barriga... os moleques ficavam brigando pra quem pegava aquela merreca, brigando mesmo, de dar soco... e a velha achando que tava fazendo uma maravilha...
E aquilo foi me deixando puto, e eu levantei e falei "Ou! Para de fazer isso, porra! Para de jogar moeda no chão! Que merda!"
E a velha me olhou, me olhou com raiva, e falou "Eu gosto de fazer caridade..."
Sabe, cara... a verdade, é que as vezes eu acho que a gente tudo tá num campo de concentração.
E aquilo foi me deixando puto, e eu levantei e falei "Ou! Para de fazer isso, porra! Para de jogar moeda no chão! Que merda!"
E a velha me olhou, me olhou com raiva, e falou "Eu gosto de fazer caridade..."
Sabe, cara... a verdade, é que as vezes eu acho que a gente tudo tá num campo de concentração.
2 comentários:
legal a entrevista, como eu não conhecia o pessoal da MB, deu pra ter uma noção melhor do trabalho deles!
;)
chooses telematic trident adverts founding helier stagnation optimistic conceded kevinpm pick
semelokertes marchimundui
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